Infiltração do crime organizado motivou pedido de intervenção em 2002.
Esta não é a primeira vez que o Espírito Santo ganha destaque devido a problemas na área de Segurança Pública.
No início dos anos 2000 a crise era provocada pela infiltração do crime organizado na máquina pública. Hoje às voltas com a paralisação da Polícia Militar e com a Polícia Civil prestes a cruzar os braços, o governador Paulo Hartung afirmou, em 2003, ao assumir pela primeira vez o governo do Espírito Santo, que herdava um estado “fora da lei”.
Naquela crise havia resquícios da atuação da Scuderie Le Cocq, fundada como entidade filantrópica, em 1984, e que se tornou um esquadrão da morte, segundo investigações policiais e do Ministério Público. De seus quadros faziam parte policiais, juízes, políticos, empresários, funcionários públicos e banqueiros do jogo do bicho. Em maio de 2002, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pediu a intervenção federal, alegando a infiltração do crime organizado nos três Poderes estaduais.
O estopim foi o assassinato do advogado Marcelo Denadai. Ele estaria elaborando um dossiê denunciando esquemas de fraudes em licitações. O pedido foi negado pelo então procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, o que levou o ministro da Justiça Miguel Reale Júnior a pedir demissão do cargo.
O governo federal resolveu adotar uma medida alternativa: enviar ao Espírito Santo uma missão especial de combate ao crime organizado, formada por policiais federais, policiais rodoviários federais, delegados e procuradores federais. O governo do Espírito Santo transferiu nessa quarta-feira o controle operacional dos órgãos de segurança pública para o general de brigada Adilson Carlos Katibe, comandante da força-tarefa conjunta e autoridade encarregada das operações das Forças Armadas, O objetivo é promover a garantia da lei e da ordem no estado até 16 de fevereiro.